Paulo, o apóstolo: vida, escritos e Teologia, por Thiago Velozo Titillo

08/01/2014 18:24

FACULDADE DE TEOLOGIA WITTENBERG

 

Teologia do Novo Testamento III: Escritos Paulinos

 

Paulo, o apóstolo: vida, escritos e Teologia

 

Thiago Velozo Titillo

 

“Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para com Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje. Persegui este caminho até a morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres, de que são testemunhas o sumo sacerdote e todos os anciãos. Destes, recebi cartas para os irmãos; e ia para Damasco, no propósito de trazer manietados para Jerusalém os que também lá estivessem, para serem punidos” (Atos 22.3-5)

 

“Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar também na carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamin, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo” (Filipenses 3.4-7)

 

I. INTRODUÇÃO

 

            A figura de Paulo é extremamente importante no cristianismo. Dos vinte e sete documentos que formam o cânon do Novo Testamento, Paulo escreveu treze. Hale observa ainda que “quanto aos quatorze livros restantes, Paulo tem grande influência sobre Lucas (que escreveu os dois volumes de Lucas-Atos) e de algum modo está por trás da Epístola aos Hebreus”.[1] Isso colocaria dezesseis escritos do Novo Testamento direta ou indiretamente ligados à pessoa do apóstolo. Percentualmente, os escritos de Paulo perfazem cerca de um quarto do Novo Testamento.[2] Esses documentos são cartas que ele escreveu durante seu ministério a fim de atender as necessidades das igrejas sob sua responsabilidade. Assim, suas cartas são a fonte fundamental da sua teologia, a teologia paulina.

            Paulo era filho de um judeu fariseu da tribo de Benjamin, grupo religioso do qual também fez parte (At 23.6; Fp 3.5). Nasceu na “não insignificante” cidade de Tarso, na província romana da Cilícia (At 21.39; 22.3), Ásia Menor. Quando da sua circuncisão (Fp 3.5), foi nomeado com nome do primeiro rei israelita – Saul (Saulo) –, originário da mesma tribo. Recebeu por direito de nascimento a cidadania romana (At 22.25-29; cf. At 16.37). Nesta condição, Paulo tinha três nomes: um prenome, um nome de família e um sobrenome. Nada se sabe sobre seu prenome e nome de família (romano), apenas seu sobrenome: Paulos.[3] Bortolini afirma que “os judeus da diáspora costumavam ter dois nomes, um nitidamente judeu (Saul ou Saulo) e outro inculturado (Paulo)”.[4] É possível que o nome romano tenha sido preferido por Paulo devido a sua missão entre os gentios, como forma de aproximá-lo daqueles que incorporam a cultura grega dentro do domínio romano.

            Como bem observa Leon Morris, Paulo “transitava bem em dois mundos, o judeu e o helenista (talvez devêssemos acrescentar um terceiro – o mundo romano)”.[5] Sua cidade de nascimento era um dos centros intelectuais do mundo antigo, sendo superada, àquela época, apenas por Atenas e Alexandria.[6] Se Paulo recebeu suas instruções iniciais na cidade de Tarso, é uma questão que exige mais investigação. Em parte, a resposta a essa questão depende de como o texto de Atos 22.3 é interpretado:

 

“Sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade. Fui instruído rigorosamente por Gamaliel na lei de nossos antepassados...” (NVI)

 

            Carson, Moo e Morris observam que o uso do ponto final depois de “nesta cidade” (na tradução NVI) faz uma distinção entre “criado” e a instrução “aos pés de Gamaliel”, sugerindo que a “criação” constante antes do ponto final se refira à educação que Paulo recebeu de seus pais quando criança, em Jerusalém. Assim, apesar de ter nascido em Tarso, logo nos primeiros anos foi morar com seus pais em Jerusalém.

 

“Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados...” (ARA)

 

            A tradução da ARA liga “criei-me” com “fui instruído aos pés de Gamaliel”, possibilitando o entendimento de que as duas expressões se refiram a um único fato: sua educação rabínica aos pés de Gamaliel iniciada na adolescência. Desta forma, Paulo teria sido criado em Tarso e recebido sua educação de base antes de ser enviado à Jerusalém.[7] A possibilidade de Paulo ter estudado em uma das grandes universidades de Tarso, onde teria recebido treinamento filosófico e retórico não passa de conjectura.[8] É verdade que Paulo demonstra em seus escritos familiaridade com a argumentação filosófica, ao ponto de ter discutido com filósofos epicureus e estoicos durante sua segunda viagem missionária (At 17.16-34), além de fazer uso de retórica refinada. O conhecimento que Paulo tinha da língua e da literatura grega é realmente um fato a ser observado. Em Atos 17.28 ele cita Epimênides (c. 600 a.C.) e Cleanto (331-233 a.C.) na primeira cláusula, e Arato (315-240 a.C.), na última; em 1 Coríntios 15.33 Paulo cita Menandro (342-292 a.C.); em Tito 1.12 cita novamente o poeta cretense Epimênides. Seus escritos são permeados de palavras comuns entre os gregos, tais como, “consciência” (Rm 2.15), “natureza” (Rm 2.14), “contente” (Fp 4.11), dentre outras. Apesar de seu interesse ser a Escritura do Antigo Testamento, ele curiosamente prefere a Septuaginta (LXX; tradução grega).

            A verdade é que mesmo em Jerusalém, o helenismo era bem conhecido e aceito. Paulo foi instruído por Gamaliel na escola de Hillel, considerada mais liberal, onde provavelmente o helenismo alexandrino era mais tolerado. Também há que se considerar os dez anos (aproximadamente) que Paulo ministrou em Tarso após a sua conversão, onde pode ter tido contato mais forte com a cultura grega e suas produções literárias e filosóficas (At 9.30). Na verdade, ele passou a maior parte da sua vida adulta na Diáspora. De qualquer forma, Paulo era “hebreu de hebreus” (Fp 3.5), e independentemente de ter ele bebido do judaísmo helenístico (Montefiore), apocalíptico (Schweitzer), rabínico e farisaico (Davies), seu mundo conceitual foi moldado decisivamente por sua criação judaica.[9]

            Baseando-se nos dados encontrados em Atos dos Apóstolos e nas suas cartas, pode-se afirmar com segurança que Paulo estava em Jerusalém durante o ministério de Jesus e sua morte. Embora seja possível que Paulo tenha visto Jesus nos dias de sua carne (cf. 2 Co 5.16), ele mesmo nunca fez tal afirmação.[10]

            Na condição de fariseu leal à lei, Paulo julgava estar fazendo um serviço a Deus ao buscar destruir a nova seita blasfema (cf. Jo 16.2, onde Jesus previu tal conduta). Assim, Saulo se transformou num ζηλωτὴϛ του θεου (zelotes tou theou; “zeloso de Deus”), que por convicção perseguia os discípulos de Jesus (At 22.3-5; 26.5-12; Gl 1.13-14; Fp 3.5-6 – cf. At 8.1-3; 9.1-2).[11]

            Alguma discussão ainda existe acerca de se Paulo foi casado, ou foi celibatário. Sabe-se que era necessário para um rabi ser casado, e que os judeus casavam-se bem cedo. Não ser casado na cultura judaica era vergonhoso. O casamento era uma espécie de “obrigação moral”, pois o crescimento da religião judaica dependia do nascimento de crianças judias. Paulo pode ter sido casado, inclusive alegando o direito de se deixar acompanhar por sua esposa com sustento da igreja, direito este que ele abdicou (cf. 1 Co 9.5). Na mesma carta (7.8) encontramos também a sugestão de que ele possa ter sido solteiro ou viúvo (1 Co 7.8). Ele mesmo não faz qualquer afirmação explícita sobre o assunto.

            Outra questão intensamente debatida é se Paulo foi membro do Sinédrio ou não. Em Atos 26.10, Paulo diz que “contra estes dava o meu voto, quando os matavam”. Marshall, afirma que existiam vários sinédrios, um para cada comunidade, mas como Paulo está descrevendo sua atividade em Jerusalém, é certo que ele participava do Supremo Sinédrio.[12] Champlin, após apresentar as duas interpretações possíveis (1- Paulo como membro do Sinédrio; 2- Sentido figurado que visa apenas afirmar que ele aprovava as decisões do Sinédrio - cf. At 22.20), conclui que se Paulo tivesse sido membro do Sinédrio, ele certamente teria declarado isso de forma mais clara (nesta ou em outra ocasião). Champlin acrescenta que talvez Paulo possa ter sido membro de algum grupo cuja autoridade fora delegada pelo Sinédrio, o que lhe autorizaria a votar em ocasiões como essa.[13] Hale é de opinião que um “mancebo” (“jovem”; cf. At 7.58; gr. νεανίας, neanías) dificilmente pertenceria a um Conselho de “anciãos”. Além do mais, Paulo jamais sugere em suas cartas e nos seus discursos em Atos, que tenha sido membro da suprema corte judaica. As menções constantes em Atos acerca do relacionamento de Paulo com o Sinédrio, em Atos, apresentam-no mais como um funcionário que um membro do Conselho (cf. At 9.1-2; 22.5). Assim, parece que Hale está correto ao entender a expressão de Atos 26.10 como conotação de que ele concordava com os julgamentos do Conselho contra os cristãos.

            Paulo, apesar de ser judeu – israelita da descendência de Abraão, da tribo de Benjamin; cf. Rm 11.1; 2 Co 2.11, do que se orgulhava – e inicialmente ter pensado que seu ministério seria entre judeus (At 22.17-20), logo entendeu sua vocação gentílica. Designava a si mesmo como “apóstolo dos gentios” (Rm 11.13), “ministro de Cristo Jesus entre os gentios” (Rm 15.16), separado antes de nascer e chamado para pregar “entre os gentios” (Gl 1.15-16; cf. Ef 3.8), “prisioneiro de Cristo Jesus, por amor de vós, gentios” (Ef 3.1), e “mestre dos gentios na fé e na verdade” (1 Tm 2.7).[14]

 

II. CRONOLOGIA DO APÓSTOLO PAULO:

 

Nascimento ........................................................................................................................ 1

Conversão (At 9.1-19; 22.3-16; 26.12-18; Gl 1.13-16)  ......................................................... 33

Ministério em Damasco e na Arábia (At 9.20-25; Gl 1.17) ................................................. 33-35

Primeira visita a Jerusalém (15 dias – At 9.26-29; Gl 1.18-20) ............................................... 35

Ministério em Tarso, Cilícia (“anos de silêncio” – At 9.30) ................................................. 35-46

Levado por Barnabé a Antioquia (At 11.19-26) ..................................................................... 46

Visita de socorro aos famintos em Jerusalém (At 11.27-30) ............................................. 46-47

Primeira Viagem Missionária (At 13.1 – 14.28) ............................................................... 47-48

Concílio Apostólico de Jerusalém (At 15.1-35; cf. Gl 2.1ss) ................................................... 49

Segunda Viagem Missionária (At 15.36 – 17.34) .................................................................. 49

Paulo em Corinto (At 18.1-18) ....................................................................................... 50-52

Retorno: por Éfeso, Cesareia, Jerusalém para Antioquia (At 18.18-22) ................................... 52

Terceira Viagem Missionária (At 18.23ss) ............................................................................ 52

Paulo em Éfeso (At 19.1-20) .......................................................................................... 52-54

Visita intermediária a Corinto (2 Co 12.14; 13.1s; cf. 2.1) ................................................. 54-55

Ainda a Terceira Viagem Missionária: Ásia, Macedônia, Ilíria (At 20.1-2a; 2 Co 1.8-10; 2.12s;  7.5; 9.2 – cf. 15.19) ........................................................................................................................................ 56

Terceira visita a Corinto (no inverno – At 20.2b; Rm 15.22ss) .......................................... 56-57

Retorno para Jerusalém por Trôade e Mileto (despedida dos líderes de Éfeso); por via marítima até Cesareia (At 20.3 – 21.14) ....................................................................................................................................... 57

Aprisionamento em Jerusalém (At 21.15 – 22.30) ............................................................... 57

Levado a Cesareia; Aprisionamento por dois anos (At 23.12 – 24.27) ............................... 57-58

Viagem a Roma (At 27.1 – 28.16) ................................................................................. 58-59

Primeiro aprisionamento em Roma por dois anos (At 28.17-31) ....................................... 59-61

Paulo absolvido por Nero antes de estourar a perseguição aos cristãos ................................. 61

Ministério na Espanha, Grécia, Creta e Ásia Menor (Rm 15.24, 28; cf. 1 Clem. 5; Tt 3.12; 2 Tm 4.10-22) .................................................................................................................................. 61-64

Segundo aprisionamento em Roma e morte .................................................................. 64-65

           

III. DATAÇÃO DAS CARTAS DE PAULO

 

Gálatas – 49

1 Tessalonicenses – 50

2 Tessalonicenses – 50-51

1 Coríntios – 54

2 Coríntios – 56

Romanos – 57

Efésios – 60

Filipenses – 60

Colossenses – 60

Filemon – 60

Tito – 64-65

1 Timóteo – 64-65

2 Timóteo – 65

 

IV. CORPUS PAULINUS

 

            O conjunto das cartas de Paulo é chamado de corpus paulinus. É por meio desses escritos de sua autoria e dos seus sermões registrados por Lucas em Atos dos Apóstolos que podemos conhecer o pensamento teológico do apóstolo.

            Todavia, desde o surgimento do método histórico-crítico, no século XVIII, não há mais entre os estudiosos um consenso sobre quais escritos são da pena de Paulo, o apóstolo. Alguns estudiosos chegam a considerar apenas Romanos, 1 Coríntios, 2 Coríntios e Gálatas como de autoria apostólica. As quatro cartas mencionadas são às vezes chamadas de hauptbrieve, que em alemão significa “cartas principais”.[15] Outros incluem Filipenses, 1 Tessalonicenses e Filemon no corpus paulinus, deixando de fora Efésios, Colossenses, 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo e Tito. Essas últimas são consideradas deuteropaulinas – escritas por “paulinistas” (discípulos e admiradores) –, em contraposição àquelas cuja autoria de Paulo não é discutida – as paulinas.[16]

            Geralmente, as objeções levantadas contra a autoria paulina se resumem à diferença de vocabulário, temas teológicos e eclesiologia muito desenvolvida para sua época. Pode-se tomar o exemplo de Efésios para ilustrar. A crítica moderna afirma que tal documento não é de Paulo, e para isso, apoiam-se nos seguintes pontos:

 

1)   As diferenças de vocabulário e estilo, e a extensão dos períodos tendem a ser mais longos. Em Efésios, por exemplo, há uso do termo ο διάβολοϛ (ho diabolos = “o difamador, o Diabo”; Ef 4.27; 6.11), enquanto Paulo faz uso comum da expressão ο σατανας (ho satanás; 1 Co 5.5; cf. tb. Rm 16.20).

 

2) A inserção de um conceito novo de igreja: a igreja “universal” (Ef 1.22-23)[17], que aparece em lugar da doutrina comum das igrejas locais em outras cartas.

 

3) A ausência da doutrina escatológica da parousia também é posto na conta contrária à autoria paulina.

 

4) O argumento de que a atitude das relações gentio-judaicas da carta só se tornam possíveis após a queda de Jerusalém e a destruição do Templo sob os romanos, no ano 70 d.C. “O derribamento da ‘parede de separação’ (2.14) só poderia referir-se à época após a destruição do templo”.[18] Antes disso, a distinção entre esses dois elementos eram muito acentuadas ( mesmo na igreja). Mas Paulo fora martirizado antes disso.

 

5) Por fim, o hino cristológico de Efésios 1.3-13 mostraria um conceito mais elevado da pessoa de Cristo em relação às cartas principais.

           

            Os defensores da autoria paulina, no entanto, não admitem que tais objeções sejam conclusivas. Para cada objeção, há uma refutação apropriada:

 

1) Hale diz que “Efésios é um livro de louvor e adoração (e especialmente nos três primeiros capítulos, onde a diferença no estilo é tão notável), algo diferente do material de assunto normal para Paulo”.[19] Isso explica também as longas construções de frases. Trata-se de uma carta do apóstolo em caráter litúrgico: “A doutrina cede lugar à doxologia; o argumento racional à reverência”.[20] Além do mais, como Mauerhofer e Gysel observam, “quando se julga ‘linguagem e estilo’ do apóstolo Paulo somente de acordo com as chamadas ‘cartas paulinas principais’, não se faz justiça nem ao vocabulário nem ao ‘estilo’ do apóstolo. No período do ano 49 (Gálatas) até 67 (2 Timóteo)[21] Paulo escreveu um grande número de cartas, das quais 13 foram preservadas no cânon do NT. Tão diversas como as motivações, a temática e a finalidade de cada uma das 13 cartas, tão multiformes são o vocabulário e a maneira de expressão. O veredito restritivo da crítica não faz justiça aos fatos existentes, mas permanece totalmente no plano subjetivo”.[22]

 

Quanto às diferenças de vocabulário, essas “podem ser explicadas pelo assunto considerado”.[23] Sobre o uso intercambiável dos termos “Diabo” e “Satanás”, nada pesa contra a autoria paulina de Efésios. Encontramos no Corpus Paulinus (cânon longo) oito vezes o uso do termo ho diabolos, cinco vezes com referência ao “Diabo” (Ef 4.27; 6.11; 1 Tm 3.6s; 2 Tm 2.26), e três vezes como referência ao ser humano difamador (1 Tm 3.11; 2 Tm 3.3; Tt 2.3). Mas o argumento dos críticos é circular: para negar que o termo “Diabo” em Efésios seja de autenticidade paulina, é necessário que se negue a autoria paulina das pastorais a fim de dar substância à ideia de que o apóstolo não usou esse termo em seus escritos. Quando se analisa as pastorais, deve-se pressupor que Efésios não vem da pena de Paulo a fim de afirmar que o autor das cartas pastorais não pode ser o apóstolo, uma vez que o termo ali usado é “Diabo”, e não “Satanás”. Mas o raciocínio dos críticos não os impede de considerar 2 Coríntios como carta autêntica de Paulo, apesar de nela o apóstolo usar a incomum expressão “deus desta era” (4.4), ocorrência única em todo Corpus Paulinus. Assim, os pesos não conferem com as medidas.

    

2) A ideia da Igreja universal é encontrada em outras cartas paulinas, algumas dentre as quais a autoria jamais fora questionada (Gl 1.13; 6.16, onde é chamada de “Israel de Deus”; Fp 3.6).

 

3) Embora Paulo não trate da parousia de maneira direta aqui, a expectativa do retorno de Cristo expresso noutras cartas “está subordinada ao presente pensamento da exaltação de Cristo”.[24] Deve-se notar que a carta aos Gálatas também não possui qualquer referência à parousia. Isso se deve ao propósito daquela carta. Os cristãos gentios daquela localidade estavam sendo pressionados por mestres judaizantes a se voltarem contra o ensino de Paulo acerca da justificação pela fé somente, e exigiam que eles observassem a circuncisão e outros ritos da lei (Gl 5.1-12). Apesar da carta não tratar da questão escatológica da parousia, sua autenticidade geralmente não é questionada, e aqueles que a tem por pseudônima, não possuem argumentos convincentes.[25] Hale diz que “dificilmente algum estudioso bíblico moderno iria negar a autoria paulina”.[26] O mesmo vale para Efésios. O fato de Paulo não abordar um tema comumente presente em suas cartas não implica autoria pseudônima. Além do mais, como observam Carson, Moo e Morris, os textos de Efésios 1.14; 4.30; 5.6; 6.8 parecem falar sobre a vinda de Cristo.[27]

 

4) Quando se trata das relações judaico-gentias, não é necessário concluir que as afirmações da carta exijam uma data posterior a 70 d.C. Paulo já havia demonstrado em Romanos 9–11 que a união de ambos os grupos em Cristo faz parte do propósito eterno de Deus. Assim, há um forte laço entre Efésios e Romanos quando esse é o tema, e nem por isso é alegado que Romanos tenha sido escrito após a queda de Jerusalém por um “paulinista”. Outros alegam ainda que o teor da carta aos Efésios implica em comissionamento “para levar a cabo a unidade de judeus e gentios na igreja (3.2-6), enquanto Paulo se via como apóstolo dos gentios”, embora o mesmo apóstolo fale de judeus e gentios na mesma oliveira (Rm 11.17-24).[28]

 

5) A cristologia de Efésios tem muitos pontos em comum com as quatro hauptbrieve. Mesmo que os termos não sejam idênticos – e Paulo certamente tinha vasto vocabulário para escrever de maneira diversa visando o claro entendimento de cada uma das comunidades – as ideias por trás dos termos estão presentes. O ensino de Romanos 5,12-21 sobre a reconciliação através da morte e ressurreição de Jesus se encontra em Efésios 1.7; 2.13, 16. Somente pela obra de Cristo os “mortos espirituais” podem receber vida (Ef 2.1-10 – comparar com Rm 5.12-21; 6.21-23). Os benefícios dessa obra são recebidos somente pela fé (2.8-10 – cf. Rm 3.21-26; 4.4-5; Gl 2.16; 3.11, 24-25). A própria encarnação mencionada em Efésios 4.9 está subentendida em Romanos 5.12-20, onde Jesus Cristo é posto em analogia com Adão, além de ser chamado de “homem” (cf vv. 15, 19), embora mais à frente Paulo se refira a Ele como “Deus bendito” (Rm 9.5). Ver também a doutrina da encarnação no hino cristão citado por Paulo Filipenses 2.6-11. Hale conclui que “não existe nenhuma outra carta do Novo Testamento em que a situação demande louvor tão extensivo quanto Efésios. Nesta carta o autor se extasia em adoração a Deus em adoração a Deus por seu eterno propósito, na unificação da raça humana em Jesus Cristo (1.9,10,18-23). Este tema não é tratado de maneira completa nas outras cartas de Paulo como é nesta, por causa do próprio propósito daquelas cartas; todos os elementos cristológicos aqui são encontrados nas cartas anteriores”.[29]

 

            Por fim, vale a pena atentar para as considerações que Lopes faz em defesa do tradicional corpus paulinus contendo 13 documentos (cânon paulino longo):

 

As dificuldades levantadas contra a autoria paulina de algumas das cartas do Corpus Paulinus, como diferença de vocabulário, diferença de temas teológicos, estilo diferente, eclesiologia muito elaborada para o primeiro século, podem ser respondidas se nos lembrarmos que Paulo escreveu ao longo de 15 anos, que usou amanuenses, que suas cartas tratam de diferentes assuntos levantados por diferentes situações e diferentes igrejas, e que a eclesiologia do primeiro século já era bem elaborada, como o livro de Atos nos mostra. Estudiosos comprometidos com a integridade das 13 cartas têm satisfatoriamente respondido aos argumentos levantados em contrário.[30]

 

 

V. O CENTRO DA TEOLOGIA PAULINA

 

            Muito se tem discutido acerca de um tema unificador na teologia do apóstolo Paulo. Conforme a analogia de Ridderbos, a teologia paulina se compara a um grandioso edifício cuja “porta de entrada” permite o acesso aos seus diversos andares e cômodos.[31] Cabe definirmos essa “porta de entrada” para a teologia de Paulo. Os teólogos de tradição reformada tendem a ver a “justificação pela fé” como o centro do pensamento teológico de Paulo. Schweitzer e Stewart entendem o conceito central da teologia de Paulo como a “união mística com Cristo”.[32] Alguns teólogos reformados hoje estão seguindo esse mesmo entendimento, pois entendem que a justificação pela fé não é o centro da teologia paulina, mas um tema contingencial, provocado pela infiltração judaizante.

            Hoje a maioria dos estudiosos entende que o tema unificador que abre a porta de entrada para todos os demais temas da teologia de Paulo é “a obra redentora de Cristo como centro da história da redenção”.[33] Assim, o tempo escatológico da salvação é inaugurado com o advento de Cristo, sua morte e ressurreição.  

 

VI. FUNDADOR DO CRISTIANISMO?

 

            É certo que nenhum homem foi mais influente no cristianismo primitivo que o apóstolo Paulo. Em decorrência disso, alguns exageros são alimentados. Alguns têm afirmado que Paulo foi o verdadeiro fundador do cristianismo, ensinando uma religião bem diferente daquela ensinada por Jesus. O Jesus histórico é transformado por Paulo no Cristo da fé. Os que assim pensam, julgam que Jesus ensinava uma forma de Judaísmo reformado, onde a obediência exterior deveria refletir uma obediência interior. A religião de Paulo é mais elaborada. Nela se encontram os conceitos como a justificação pela fé, a união mística com Cristo, o sacrifício expiatório, a ressurreição de Jesus de entre os mortos, sua ascensão à destra de Deus e seu senhorio cósmico. Jesus jamais teria ensinado esses pontos, donde se conclui que Paulo teria recorrido às religiões de mistério. A fim de abonar seu ponto de vista, afirmam que Paulo jamais faz qualquer menção ao Jesus terreno, suas obras, milagres e ensinamentos. Ele está interessado apenas na morte e ressurreição de Jesus, criando um Jesus mais teológico. Paulo teria abandonado o “Judaísmo reformado” para criar o “cristianismo”.[34]

            Cabe, porém, observar que a morte e ressurreição de Jesus já são proclamadas pelos apóstolos no livro de Atos, antes mesmo da conversão de Paulo. O próprio apóstolo Pedro, em seu discurso no dia de Pentecostes, incluiu as verdades da morte, ressurreição, ascensão e senhorio universal de Jesus (cf. At 2.22-36).

            A crença na inspiração e inerrância das Escrituras também apoiam a ideia de que essas doutrinas estavam presentes nos ensinos de Jesus durante seu ministério terreno, mesmo que só tenham sido registradas nos evangelhos após Paulo escrever suas cartas às igrejas. Todos os quatro evangelhos narram a morte e a ressurreição de Jesus.[35] A salvação pela fé é um tema constante no Evangelho de João (Jo 1.12, 3.15-21; 5.24; 6.47; 11.25; 20.30-31). No evangelho de Lucas, Jesus ataca abertamente a justificação pelas obras [da lei] (Lc 18.9-14). Outros temas enfatizados por Paulo aparecem nos lábios de Jesus. É verdade que Paulo desenvolveu seu ministério e escreveu suas cartas às igrejas antes da composição dos evangelhos canônicos, exercendo assim grande influência sobre as comunidades cristãs primitivas. Mas esse fato não pode ser usado em favor da ideia de que os ensinos de Jesus acerca da sua morte, ressurreição, obra expiatória e senhoria universal constantes nos evangelhos devam ser interpretados como interpolações posteriores devido à influência paulina no movimento cristão primitivo. Isso solaparia a crença na inspiração e inerrância das Escrituras. Ora, se os evangelhos colocam esses ensinos nos lábios de Jesus, é porque Jesus assim ensinou, visto que a Bíblia é a Palavra de Deus, “e a Escritura não pode falhar” (Jo 10.35).

            Além do mais, o ensino do Messias como salvador que entrega sua vida em resgate pelos pecadores remonta ao Antigo Testamento (cf. Is 53), e não pode ser atribuído à mente de Paulo. Dessa forma, Paulo apenas faz eco à própria mensagem de Jesus e dos profetas que, antes dele, anunciaram sua vinda, morte e ressurreição como um ato salvador de Deus na história.

            Todavia, a pergunta permanece: Por que Paulo não faz qualquer menção aos milagres, parábolas e ensinamentos de Jesus durante seu ministério terreno? Lopes responde:

 

A ausência de referências nas cartas de Paulo à vida e obra de Jesus – seus milagres, suas parábolas, suas obras, seus ensinamentos – explica-se pelo fato de que Paulo escreveu suas cartas à comunidades cristãs já estabelecidas, às quais ele já havia pregado sobre a vida e obra do Senhor Jesus. Nas suas cartas ele pressupõe que seus leitores já têm conhecimento daquilo que mais tarde ficaria registrado nos Evangelhos. Seu objetivo com as cartas era expor as implicações da obra de Cristo, particularmente sua morte e ressurreição, para a vida dos cristãos, e para a solução de seus problemas.[36]

 

            Ainda assim, há algumas menções diretas de Paulo aos ensinamentos de Jesus. Em 1 Coríntios 9.14 ele menciona o ensino de Jesus constante em Mt 10.9-10; em 1 Timóteo 5.18, Paulo cita literalmente as palavras de Jesus em Lc 10.7; em 1 Co 7.10 ss., Paulo reproduz os ensinamentos de Jesus sobre o casamento (cf. Mt 5.32; 19.9; Mc 10.11-12; Lc 16.18), inclusive salientando quando seus conselhos não advém de um ensino direto do Senhor Jesus, mas do discernimento que dado pelo Espírito nos pontos silenciados por Jesus (1 Co 7.12 ss. e 40). Deve-se notar ainda que o ensino escatológico de Paulo à igreja de Tessalônica (1 Ts 4 – 5; 2 Ts 2) depende do sermão profético de Jesus (Mt 24; Mc 13; Lc 21). Em Paulo, encontramos ainda o único ditado direto de Jesus no Novo Testamento preservado fora dos evangelhos (At 20.35). A mensagem paulina de que o cumprimento da lei é o amor (Rm 13.8-10; Gl 5.14) fora ensinada por Jesus durante seu ministério (cf. Mt 22.34-40). Daí se depreende que a mensagem de Paulo não tem origem em si mesmo, mas apenas aprofunda e desenvolve aquilo que Jesus já havia ensinado: Jesus é o fundador do cristianismo; Paulo, seu maior porta-voz na igreja primitiva.

 

VII. AS ORIGENS DO ENSINO PAULINO

 

            Carson, Moo e Morris destacam seis tópicos nesse ponto: 1) revelação versus tradição; 2) tradições cristãs primitivas; 3) o Jesus terreno; 4) o Antigo Testamento; 5) o mundo grego; 6) o judaísmo.

 

1) Revelação versus tradição – A afirmação de Paulo em Gálatas 1.12 de que seu evangelho veio “mediante revelação de Jesus Cristo” (δι᾽ ἀποκαλύψεως Ἰησοῦ Χριστοῦ [gr. di apokalypseos Iesou Christou]) é referência à aparição de Jesus Cristo a ele na estrada de Damasco, conforme a sequência do texto mesmo diz (v. 16). Nesse sentido, o evangelho é sobrenatural. A essência do evangelho foi apreendida por Paulo quando do encontro com Cristo ressuscitado (At 9.3-6). Ali, Paulo entendeu que o Messias já viera, e, portanto, deveria ser o centro do propósito divino, de maneira que a lei deveria ceder o lugar. Agora, não haveria mais razão de se impor a lei como condição sine qua non para se tornar membro do povo de Deus, mas somente a fé em Cristo. Em 1 Coríntios 15. 3, Paulo diz: “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi (παρέλαβον [parelabon])”. O verbo παραλαμβάνω (gr. paralambano, “receber”), tornou-se uma expressão técnica dos rabis para designar a transmissão de tradições, sendo clara referência às verdades acerca da morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, recebidas por Paulo quando da sua primeira visita de quinze dias em Jerusalém (At 9.26-29; Gl 1.18-20). Aqui, Paulo está falando da forma do evangelho, incluindo o quadro histórico dos evangelhos, com os eventos e ensinamentos de Jesus durante seu ministério terreno, conforme os quatro evangelhos.[37] Desta forma, as duas afirmações, a saber, que seu evangelho foi recebido mediante revelação, e que foi recebido via tradição, não se contradizem, mas se completam.

2) Tradições cristãs primitivas – Como foi visto, 1 Coríntios 15.3 utiliza expressões que indicam recebimento e transmissão de tradições. Através de análises estilísticas e teológicas, pode-se identificar dentro dos escritos paulinos aquilo que deve ser entendido como citações de credos, hinos e materiais catequéticos. Os critérios para a identificação desse material (tradições cristãs anteriores) se dão por meio de vocabulário incomum, ritmo e poesia e ênfases não-paulinas. Um exemplo pode ser encontrado no hino cristológico antigo usado por Paulo em Filipenses 2.6-11.

3) O Jesus terreno – Como já foi visto, apesar de Paulo raramente fazer menção aos eventos da vida de Jesus, focando-se mais em sua morte e ressurreição, ou de algum ensino, sua influência é permanente. A escatologia de Paulo aos Tessalonicenses (1 Ts 4 – 5; 2 Ts 2) depende do sermão profético de Jesus (Mc 13 e paralelos), e o ensino ético de Paulo em Romanos 12 possui muitas semelhanças como Sermão do Monte.

4) O Antigo Testamento – Paulo faz mais de 90 citações do Antigo Testamento, além das alusões ao Antigo Testamento sem citá-lo diretamente. É claro que Paulo interpreta as Escrituras hebraicas, lendo-as através das lentes do cumprimento, em Jesus, “da lei e dos profetas”.[38]

5) O mundo grego – A tentativa de associar os ensinos de Paulo às religiões de mistério helenísticas foi destacada no início do século XX. Assim, o ensino de Paulo se distanciou do de Cristo, cuja mensagem tinha apenas uma ênfase ética. Paulo a teria tornado numa religião especulativa e mística. Günter Wagner associa o ensino bastismal de Paulo (Rm 6) às religiões pagãs místicas. Paulo, como foi visto, dominava bem o grego. Usar linguagem comum ao mundo grego e tomar emprestado seus conceitos a fim de tornar o evangelho mais claro à sua audiência é uma questão de inteligência.

6) Judaísmo – A criação judaica de Paulo e sua formação já foram mencionadas na introdução deste texto.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

Bíblia de Estudo de Genebra. Almeida Revista e Atualizada. 2 ed. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999, p. 1399.

 

BORTOLINI, José Pe. Conheça o Apóstolo Paulo. São Paulo: Paulinas, 2008, p. 5.

 

CARSON, D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1997.

 

CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.

 

CROSSAN, John Dominic; REED, Jonathan L. Em busca de Paulo: Como o apóstolo de Jesus opôs o Reino de Deus ao Império Romano. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 2007

 

HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. São Paulo, SP: Hagnos, 2001.

 

LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2003

 

LOPES, Augustus Nicodemus. Teologia Paulina. São Paulo, SP, 2000.

 

MARSHALL, Howard. Atos: Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1982.

 

MAUERHOFER, Erich; GYSEL, David. Uma Introdução aos Escritos do Novo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2010, p. 307.

 

MORRIS, Leon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 2003.



[1] HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. São Paulo, SP: Hagnos, 2001, p. 196.

[2] MORRIS, Leon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 2003, p. 29.

[3] CARSON, D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 242.

[4] BORTOLINI, José Pe. Conheça o Apóstolo Paulo. São Paulo: Paulinas, 2008, p. 5.

[5] MORRIS, Leon. Op. cit., p. 23.

[6] HALE, Broadus David. Op. cit., p. 197.

[7] CARSON, D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Op. cit., p.243.

[8] HALE, Broadus David. Op. cit., p. 197.

[9] CARSON, D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Op. cit., p. 251.

[10] HALE, Broadus David. Op. cit., p. 197.

[11] MAUERHOFER, Erich; GYSEL, David. Uma Introdução aos Escritos do Novo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2010, p. 307.

[12] MARSHALL, Howard. Atos: Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1982, p. 365.

[13] CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002, p. 515.

[14] Alguns manuscritos acrescenta a expressão “dos gentios” a “mestre” em 2 Tm 1.11.

[15] LOPES, Augustus Nicodemus. Teologia Paulina. São Paulo, SP, 2000, p. 4.

[16] “O Paulo autêntico e histórico, autor de sete cartas do Novo Testamento (Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Filipenses, 1 Tessalonicenses e Filemon)...” (CROSSAN, John Dominic; REED, Jonathan L. Em busca de Paulo: Como o apóstolo de Jesus opôs o Reino de Deus ao Império Romano. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 2007, p. 10).

[17] Não são poucos que veem as menções acerca da Igreja em Efésios como referência á Igreja universal (cf. Ef 3.10, 21; 5.22-33), embora alguns discordem que todas as referências devam ser assim entendidas.

[18] HALE, Broadus David. Op. cit, p. 273.

[19] Ibid., p. 275.

[20] Bíblia de Estudo de Genebra. Almeida Revista e Atualizada. 2 ed. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999, p. 1399.

[21] Em nosso estudo assumimos que a morte do apóstolo se deu no ano 65 d.C. Segundo a tradição, isso teria acontecido em 29 de junho (HALE, ibid., pp. 201 e 332). Portanto, Paulo escreveu suas cartas a Timóteo antes da data acima proposta (67 d.C.), sendo provável nos anos 64-65 d.C. Todavia, é importante mencionar que a tradição não é uniforme. Eusébio, por exemplo, situa a morte do apóstolo no ano 67, e Jerônimo, 68. Não há unanimidade a esse respeito.

[22] MAUERHOFER, Erich; GYSEL, David. Op. cit., p. 427.

[23] HALE, Broadus David. Op. cit., p. 275.

[24] Ibid., p. 276.

[25] Bíblia de Estudo de Genebra. Op. cit., p. 1387.

[26] HALE, Broadus David. Op. cit, pp.247-248.

[27] CARSON, D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Op. cit., p. 338.

[28] Ibid.

[29] HALE, Broadus David. Op. cit., p277.

[30] LOPES, Augustus Nicodemu. Op. cit., p. 4. Selby diz ainda que, Paulo provavelmente “tendia a dar a seus amanuenses, que também eram seus colaboradores e companheiros de viagem, cada vez mais liberdade na composição das cartas”. O envolvimento deles com no trabalho e a familiaridade com o ensino de Paulo “tornaria essa participação na composição das cartas não apenas possível, mas inevitável” (apud, MORRIS, op. cit., p. 26, nota de rodapé 6).

[31] RIDDERBOS, Herman. A teologia do apóstolo Paulo. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

[32] LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2003, pp. 520-521.

[33] Ibid., p. 521.

[34] LOPES, Augustus Nicodemu. Op. cit., p., p. 7.

[35] Até mesmo o evangelho de Marcos, que provavelmente tem seu final original em 16.8, inclui em seus versículos finais a ressurreição de Jesus. Do anjo são as palavras: “Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ele ressuscitou, não está mais aqui; vede o lugar onde o tinham posto” (Mc 16.6). As aparições de Jesus ressuscitado a partir do v. 9 são provavelmente acréscimos de um escritor cristão antigo que, baseado no final dos outros evangelhos, buscou finalizar o texto perdido de maneira harmônica. Todavia, alguns defendem que o fato desses versículos serem citados por escritores eclesiásticos do século II e estarem presentes em grande número de manuscritos gregos, aponta para a autoria de Marcos. Seja como for, a canonicidade do final de Marcos não está em questão, mas apenas sua autoria.

[36] LOPES, Augustus Nicodemus. Op. cit., p. 7.

[37] CARSON, D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Op. cit., pp. 247-248.

[38] Ibid., 249.